terça-feira, 12 de abril de 2011

BOLA NA MARCA DO PÊNALTI, BATEDOR PEDE AJUDA A DEUS, O GOLEIRO TAMBÉM E AGORA?


O centésimo Gol do Rogério Ceni contra o Corinthians quebrando um tabu de quase 4 anos foi coisa dos deuses?, Um Gol marcado aos 45 minutos do segundo tempo ou, até mesmo nos acrescemos foi “las manos del Dios”? Uma bola que beija as redes nos últimos segundo do jogo foi auxiliada por um anjo? Deus tem ou, não tudo sobre controle? Algumas pessoas confessam o absoluto controle de Deus e ficam zangados com quem questiona suas afirmações. Não se deve discutir religião, política e futebol, apenas perguntar se tais lógicas valem para todas as esferas da vida, inclusive, as triviais. Acontece que ninguém de sã consciência concebe que oração, mandinga, sinal da cruz e despacho em encruzilhada sejam eficazes para direcionar o que acontece dentro das quatro linhas do relvado (se macumba ganhasse campeonato, o da Bahia terminaria empatado). Mas o que existe no futebol que nos enferma de paixão? Qual a mágica do jogo para extasiar multidões, de intelectuais a analfabetos? Simples! Imprevisibilidade. No futebol, só se conhece o resultado de uma partida depois que o juiz apita o fim. A qualquer instante o impensável pode acontecer. E nem sempre o mais forte ganha. A famosa zebra existe, e vez por outra arruína com os prognósticos mais precisos. Quando duas equipes entram em campo, uma displicência pode alterar definitivamente o placar final. Se logo no início, o mais fraco marcar um gol, basta que fique na retranca, e por mais que o adversário tente não consegue reverter o escore. Exatamente! O magnífico do futebol são os acidentes de percurso. Em filosofia, acidente de percurso chama-se contingência. Contingência, portanto, é aquilo que é ou pode ser, mas não é necessário. Em outras palavras, não existe causa ou razão para que determinado evento aconteça. Um gol do Palmeiras aos 48 minutos do segundo tempo, que o classificou para a final pode ter sido apenas um acaso. E nenhuma divindade, por mais poderosa e soberana que seja, necessita ser reivindicada para explicar o golaço – motivo da alegria para uma Nação, mas de infelicidade para os adversários. Basta que se mantenha a lógica. Se em uma trivialidade, como a vitória de um time, não cabe reivindicar o controle divino, porque em outras, sim? Não existe meio termo. Contingência esvazia a possibilidade de destino, maktube, predestinação, carma ou soberania. O contrário também é verdadeiro. Quando se aceita que Deus ordena todas as coisas e usa os acontecimentos para conduzir a história a um fim predeterminado, não existe contingência, acidente, acaso ou sorte. Acredito que vivemos em um mundo contingente. Aceito que liberdade só é possível quando há acaso. Assim, não atribuo os acontecimentos que me rodeiam à vontade de Deus. Não acho que Deus, lá de cima, micro-gerencie a terra, semelhante a um títere onipotente. Discordo que Ele diga: “Isso eu deixo acontecer, porque me interessa” (vontade permissiva, no teologuês); ou: “Isso eu quero - ou não quero - que aconteça porque será importante para os meus planos – (vontade ativa). Creio que Deus se relaciona com os seus filhos e filhas a partir de outra conexão. Para que seja possível aos humanos criar, inventar, escrever poesia, aprender a praticar justiça, é necessário que Ele consinta com a liberdade. O Deus creator convida a humanidade para ser parceira na construção da história. Javé não brinca de “faz-de-conta”. Quando sofremos, Deus sofre. Quando nos alegramos, Deus rejubila ao nosso lado. Quando guerreamos e milhões morrem desnecessariamente, Deus perde. Quando somos bons, solidários e justos, Deus ganha. Adaptado do artigo: Futebol, contingência e o Divino Autor Pr. Ricardo Gondim.

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